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Como prevenir o mobbing

Mobbing

Como prevenir o mobbing

Assim como nas escolas, no ambiente corporativo há perseguições entre colegas que podem trazer graves consequências psicológicas ao profissional

Todos o evitam, ignoram sua presença, não respondem às suas perguntas, fazem gozações e o humilham. Assim como nas escolas, no ambiente corporativo também há perseguições entre colegas que, semelhante ao bullying, trazem graves consequências psicológicas ao profissional.

Chamado de mobbing, essa forma específica de estresse no trabalho pode ser praticada por uma pessoa ou por um grupo, tanto em relações hierárquicas simétricas, quanto em ascendentes ou nas subordinadas. Como o comportamento já é percebido no mundo corporativo, saiba como se prevenir contra a prática no quadro ao lado.

Historicamente, o assédio moral e as situações de agressões entre colaboradores sempre existiu, mas de forma diluída, explica Ligia Nery, vice-presidente de eventos científicos da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Estado (ABRH/RS). De acordo com a especialista, a internet, o acesso à informação e a chegada da geração Y ao mercado trouxeram à tona o problema.

– Sempre se falou em coisas do tipo “o fulano me puxou o tapete”, “o beltrano é leva-e-traz”, mas agora está se decupando isso. Está se classificando, dando nome. E é importante falar sobre isso, pois há casos que levam, inclusive, ao suicídio. É muito grave – alerta Ligia.

Pessoas tímidas são alvos de mobbing nas empresas

Segundo a psicóloga Simoni Missel, diretora da Missel Capacitação Empresarial e consultora de carreira, pesquisas mostram que o comportamento e as atitudes podem aumentar a predisposição de o profissional ser vítima do mobbing. Os alvos são, geralmente, pessoas tímidas, inibidas, inseguras, que tendem a ser menos independentes e com dificuldade de se posicionar. Em contrapartida, pessoas auto-confiantes, seguras de si e determinadas dificilmente se deixarão submeter.

– Ter bons argumentos para suas opiniões e sugestões, assim como um bom equilíbrio entre o emocional e o racional é fundamental. Além disso, o autoconhecimento e o investimento no desenvolvimento pessoal poderá prevenir que um profissional se torne vítima do mobbing – sugere Simoni.

A melhor maneira de lidar com um problema é não negá-lo, ensina o psiquiatra Jorge Alberto Salton, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF). Para Salton, a solução começa quando a vítima detecta a agressão e não se submete :

– Quem sofre mobbing deve falar com os colegas e com os seus superiores sobre o fato e verbalizar a situação. Já o gestor deve saber que o fenômeno existe e pode surgir em qualquer local, mas precisa estar atento a sua eclosão. Além disso, o líder precisa se posicionar a favor de quem começa a ser colocado no papel de vítima e contra quem começa a assumir a violência.

“Eu trabalhava há oito anos no mesmo setor, onde sempre tive chefias imediatas super legais. Mas trocou o governo e os gestores também e, com essa mudança, tive de aguentar um ano e meio de assédio declarado. A pessoa que pegou a chefia não tinha o conhecimento da área e nem humildade para aprender com alguém que estava abaixo dela, como eu. Como as pessoas já me conheciam e sempre me procuravam quando chegavam à sala, ela começou a sentir um certo receio. Passou a me humilhar. Outra funcionária, que entrou na mesma época que ela, contribuía inventando mentiras sobre mim.

Então, elas escondiam documentos para eu perder os prazos e, aos poucos, foram tirando as minhas responsabilidades. Eu perdi as coordenações e as bonificações também, sem nunca ser chamada para comunicar. Ela me mandava calar a boca na frente dos outros, batia a porta na minha cara, me mandou até sair da minha mesa e sentar em outra. Até por e-mail e por telefone ela me massacrava.

O desgaste foi tanto que eu comecei a adoecer: tive síndrome do pânico, só chorava, não queria mais levantar para trabalhar. E isso que eu adorava o que fazia, investi em qualificação e tudo. Aguentei até onde pude, mas chegou a um ponto que não deu mais e tive de pedir transferência. Era uma situação pesada demais para mim. Hoje, estou tentando encontrar prazer na nova função. Não é a mesma coisa de antes, mas ainda tenho esperança de um dia voltar para lá.”

Regina (nome fictício), 51 anos, funcionária pública.
MARIA AMÉLIA VARGAS

Fonte: Jornal Zero Hora – RS

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