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Novas abordagens didáticas para estudar por meio de videoaulas

Conteúdos da escola, da faculdade e até de aulas preparatórias para concursos podem ser vistos na internet por meio de videoaulas em sites especializados. Mas a disciplina do aluno é fundamental.
A publicitária Sara Levy não perde uma aula do TED. No entanto, ressalta que a experiência social da sala de aula é importante.
Universidades virtuais, palestras de graça com especialistas do mundo  todo, professores on-line para tirar dúvidas. Mais parece uma escola do  futuro, mas é realidade cada vez mais frequente na internet. A web  oferece diversas possibilidades para o estudante aproveitar o tempo na  rede. As aulas gratuitas, por exemplo, são uma boa opção para quem quer  resumir conteúdo já visto, aprofundar um assunto ou se aventurar em  aprender.Elas duram, no máximo, 20 minutos. A maioria é bastante  parecida com uma aula presencial, com o professor de frente para a  câmera. No meio de tantas opções, é importante inovar. As aulas da  universidade gratuita Khan Academy (www.khanacademy.org), por exemplo,  filmam o quadro sendo usado, enquanto a voz do professor explica o  conteúdo.É a tela do computador assumindo forma de quadro-negro  que chamou a atenção de nada menos que o dono da Microsoft, Bill Gates.  Ao ver o filho assistir às aulas da universidade virtual, Gates viu ali  uma revolução no ensino pela internet. Tratou logo de fazer um elogio em  vídeo para ser colocado na página principal do site.

Hoje, a  Khan Academy contabiliza mais de 40 milhões de visualizações desde que  foi criada, em 2009, e mais de 2 mil vídeos postados, divididos por  temas. Apesar de as aulas serem em inglês, voluntários podem fazer as  traduções, mas a iniciativa é recente e ainda não há vídeos legendados  em português.

Mas se o problema for a dificuldade com o idioma, o  YouTube tem diversos canais brasileiros com aulas direcionadas. Quem  estiver se preparando para o vestibular pode assistir ao conteúdo do  sejaferavideos, jesielps2 ou do nerckie, que conta com quase 300 aulas  voltadas para o ensino fundamental e médio.

Brasil
Por  aqui, o acesso livre aos conteúdos engatinha. A maioria dos sites que  produzem videoaulas cobra pelo serviço, mas garantem a qualidade do  ensino. O estudante pode comprar pacotes específicos para passar no  vestibular, em concursos, ou apenas revisar matérias da escola, da  faculdade e até da pós-graduação. Dois sites conhecidos são o Videoaulas  Online (www.videoaulasonline.com.br) e o Ensino On-line  (www.ensinoonline.com.br).

A estudante de Publicidade e  blogueira, Gabrielle Seraine, conheceu as aulas pela internet depois de  criar o blog Cata Cursos (www.catacursos.blogspot.com). Hoje, além da  faculdade, Gabrielle dedica algumas horas em frente ao computador nas  aulas preparatórias para concurso público, com duração de três meses.  Por isso, é importante manter disciplina. “Fico no escritório, apago a  luz e já aviso para ninguém me atrapalhar. É um momento de concentração.  Tenho três meses para ver 192 aulas e preciso me policiar”, diz.

Gabrielle Seraine utiliza as aulas dadas pela internet para se preparar para concursos públicos (Bruno Peres/CB/D.A Press - 16/3/11)
Gabrielle Seraine utiliza as aulas dadas pela internet para se preparar para concursos públicos
Palestras
O  TED — Ideas Worth Spreading (www.ted.com), ou ideias que vale espalhar,  posta palestras com especialistas de diversas áreas das ciências  humanas, exatas, de temas políticos e atuais. Hillary Clinton e Steve  Jobs estão entre as apresentações mais conhecidas. Os vídeos são em  inglês, mas já podem ser vistos em 40 línguas, inclusive o português.A  publicitária Sara Levy é visitante assídua do TED. Mesmo assim, não  troca a experiência social da sala de aula. “A essência do aprendizado  está na interação que você tem com as pessoas, o debate dos alunos com o  professor. Na internet, tem muita coisa disponível, mas a forma como  você vai aplicar aquilo na sua vida é a grande diferença”, afirma.Outro  fã do TED é o professor de inglês Rodrigo Araújo. Ele conhece o site há  um ano e, desde então, passa as palestras em sala de aula para os  alunos. “Uso o TED para treinar a língua e servir como um instrumento a  mais no aprendizado. É uma oportunidade de eles estudarem em casa, pois  motiva a pesquisa fora da classe”, afirma.

O professor concorda  que o modelo de ensino atual não pode ser trocado pelo estudo na  internet e que nada substitui a interação da sala de aula. “O ponto  negativo é a perda do contato humano. No modelo de sociedade em que  vivemos é preciso respeitar e conviver com a diferença, e uma das  melhores formas de trabalhar isso é na escola”, diz.

Aula  particular
Os desenhos são feitos no  programa SmoothDraw, que permite criar imagens manualmente. Os vídeos  duram 10 minutos e a captura é feita com o Camtasia Studio. As vozes de  todos os vídeos são do fundador da universidade, Salman Khan.

Mudanças na educação

» O  especialista no uso da internet na educação da Universidade de Brasília  (UnB), professor Gilberto Lacerda, afirma que a web e as tecnologias de  informação derrubam os tradicionais muros da escola e trazem o mundo  para dentro da sala de aula. Essa inovação cria contraste entre o tempo  do livro e do professor estáticos e o acesso à informação dinâmica.  “Estamos em pleno processo de revolução. A escola melhora com o  compartilhamento de informações, com a quebra de hierarquias e com o  surgimento de outros canais de comunicação além do que já existe entre  professor e aluno. Mas são requeridas novas abordagens didáticas, e esse  é o grande desafio para a escola e a sociedade”, conclui.

Correio Braziliense (terça, 19/04/11)
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/tecnologia/2011/04/12/interna_tecnologia,247523/novas-abordagens-didaticas-para-estudar-por-meio-de-videoaulas.shtml

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