Trocar a vida de corretor do mercado financeiro pela de educador que vive de doações pode parecer loucura. Para o americano Salman Khan, não. Ele começou a produzir e postar no YouTube videoaulas sobre matemática elementar em 2005, para ajudar uma prima que sofria para aprender a matéria. As aulas fizeram tanto sucesso que, há um ano, ele decidiu pedir demissão e se dedicar integralmente ao projeto, a Khan Academy.
Cada aula não dura mais que 10 minutos, e apenas um conceito é abordado. Hoje, são mais de 1.600 disponíveis no site, que abordam desde o beabá até cálculo avançado. Também é possível ter lições de física, química, biologia e até economia. Para Khan, a principal razão do sucesso de seus vídeos é a possibilidade de cada aluno aprender no seu próprio ritmo, o que não acontece nas escolas.
– Por estarem disponíveis on-line, os estudantes podem rever os conceitos que quiserem, quando quiserem. Eles aprendem no seu próprio ritmo, repetem a lição quantas vezes acharem necessário e não ficam sem graça por não dominarem determinado assunto – explica o professor, por telefone, à Megazine.
Sem experiência formal, ele afirma que procura fazer com que os jovens entendam os conceitos e não apenas decorem fórmulas ou esquemas prontos. Para Khan, é isso que torna matemática e física tão difíceis para a maioria dos estudantes, e os resultados nos exames nacionais americanos, como o SAT e o GMAT, tão terríveis.
Seu plano é, em um futuro não muito distante, disponibilizar os seus vídeos em DVDs para que atinjam mais alunos ao redor do mundo, especialmente em lugares onde é difícil o acesso à internet banda larga. A tradução para outras línguas também está prevista, e o português é uma das suas prioridades.
Perguntado sobre como foi a mudança radical de estilo de vida, Khan foi sincero:
– Eu sempre gostei de fazer os vídeos, mas tinha que pensar nas contas a pagar. Até que, no ano passado, eu vi que era possível. Eu não preciso ser um milionário. Não sacrifico minha família, meu filho vai para a faculdade, e e sou o homem mais feliz do mundo.
Leonardo Cazes
Fonte: O Globo on line