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Enterprise 2.0: o que há de diferente agora?

Por Katia Cecotosti, editora do portal HSM Online

Durante evento no Rio de Janeiro, Andrew McAfee destaca o fenômeno da “Techonomia” como a vertente para as rupturas da web e fala sobre a eficiência da colaboração
“Quantos de vocês já ouviram falar em web 2.0 e Wikipedia? E quantos utilizam com freqüência estes recursos?” Com tais questionamentos, Andrew McAfee, diretor científico de pesquisa da Sloan School of Management, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), e diretor do Center for Digital Business dessa escola, deu início a sua palestra sobre estratégia de redes sociais realizada no Rio de Janeiro, em 4 de outubro. O ex-professor do MIT abordou quatro grandes questões envolvendo as novas tecnologias sociais: o que há de diferente agora, interagindo, vencendo e perdendo no novo cenário, inovação social e inovação aberta, e a liderança na era das redes sociais.
“Quero falar sobre o que está mudando neste universo 2.0, mas isso não significa que toda a experiência que temos não será mais util. Garanto que o conhecimento que temos se aplica perfeitamente a este mundo novo. O que está acontecendo é uma transição que diz respeito a tecnologia e como a economia tem funcionado neste contexto, que chamo de ‘Techonomia’. Nós somos ‘tecnologistas’ e temos que aproveitar o que este momento tem para nos oferecer”, afirma.
Citando o exemplo de empresas como o Google, que teve um salto de crescimento de 24% no faturamento no segundo trimestre de 2010, Andrew destaca a força deste modelo de serviço gratuito com alta lucratividade de retorno. “As empresas estão vendo como os custos mudaram. Precisamos dar para as pessoas o que elas querem, e de graça. A web 2.0 é feita de plataformas para as pessoas se expressarem e não mais uma via de mão única, como acontecia naquela plataforma 1.0”, enfatiza.
Antes da explosão da quantidade de conteúdo online, a web passou por uma fase de ruptura, de transição da Web 1.0 para a 2.0 – a internet das plataformas fáceis e gratuitas. MacAfee questiona a plateia novamente: “quem aqui já ouviu falar da Nupedia?” E relembra: “A Nupedia, antecessora da Wikipedia, começou em 2000 com uma proposta inovadora de seus fundadores – Jimmy Wales e Larry Sanger, mas a forma de fazer era antiquada. Alguns pontos mostram como a Nupedia funcionava e nos faz pensar a razão de não ter dado certo.”

“E por que o modelo 1 da Wikipedia não deu certo?”, questiona McAfee. Justamente porque foi feita da maneira errada, com muitas regras que dificultavam o compartilhamento das informações. “O investimento na Nupedia foi de aproximadamente US$ 250 mil dólares e depois de 18 meses, apenas 12 vezes as pessoas dedicaram tempo para ajudar o processo. Em janeiro de 2000, os fundadores ouviram falar na tecnologia wiki e adotaram uma filosofia diferente. Eu sempre digo que se você quiser um resultado bom, controle o processo. Isso significa sair da linha de frente e ver como as pessoas interagem. Não defina tudo perfeitamente”, alerta.

A Wikipedia só passou a ter sucesso pela ausência de regras e por sua estrutura de fácil acesso. Os próprios princípios de colaboração refletem a filosofia da plataforma que orienta os usuários a serem ousados sem se preocupar em cometer erros. Como resultado, hoje existe cerca de 3,4 milhões de artigos postados. “A lição é acabar com a obsessão de definir regras. Com isso vamos receber muito conteúdo, mas também receberemos muito lixo. Afinal, existe uma citação que diz: a internet é uma biblioteca onde os livros estão todos no chão. E de fato estão. Só precisamos encontrar os melhores livros”.

Katia Cecotosti, editora do portal HSM Online

Fonte: HSM Online

Contribuições à Tese da Enterprise 2.0

O conceito de Empresa 2.0 se origina do artigo Enterprise 2.0, escrito por Andrew McAfee em 2006 no Sloan Management Review. O pesquisador defende que algumas tecnologias 2.0, quando utilizadas para propósitos corporativos, têm o potencial de transformar a estrutura, a cultura e a maneira pela qual as informações fluem na empresa e, portanto, o modo pelo qual as decisões são tomadas.

Atualmente essa é a tese mais popular e que melhor explica a relação entre algumas das novas tecnologias 2.0 e seu impacto nos modelos de negócio. A tese foi comprovada por pesquisas realizadas por Instituições de renome, como a McKinsey & Company (How companies are benefiting from Web 2.0) e a Frost & Sullivan (The Impact of Collaboration on Business Performance), além de estudos nacionais, como os da E-Consulting Corp. (Web 2.0 e o Consumidor 2.0;

Gestão do Conhecimento 2.0; Redes Sociais, Comunidades e a Gestão dos Stakeholders Corporativos) e da DOM Strategy Partners (Empresas 2.0 e os Modelos de Negócios; O Novo Marketing; O Novo RH), que encontraram correlações entre a utilização de algumas tecnologias baseadas na Web 2.0 e a capacidade de inovar das empresas.

Melhorando a Tese

No SRC (Strategy Research Center), think tank de estudos estratégicos do Grupo ECC, estamos revisando algumas dessas pesquisas e as incorporando a algumas de nossas próprias pesquisas para tentar compreender o impacto “desses agentes” sobre as empresas brasileiras.

A Web 2.0, por definição, tem um componente social muito forte e, portanto, qualquer discussão acerca da evolução dos modelos de negócios deve ser capaz de incorporar os demais membros do ecossistema de uma organização. Dentre esses membros, temos percebido que os Usuários e os principais elos da Cadeia de Suprimentos são aqueles com necessidades e desejos mais prementes de se inserirem de forma colaborativa no negócio da empresa.

Em nossa forma de entender, o conceito proposto por McAfee foca excessivamente sobre os colaboradores e, poderia ser melhorado com a incorporação de alguns dos conceitos cunhados pelo SRC, em especial o Usuário 2.0, o Consumidor 2.0 e o Supply Chain 2.0 (Link: http://www.e-consultingcorp.com.br/midia/ultimos-artigos/web-2.0-mudanca-inexoravel/?searchterm=2.0 ).

Além disso, outra percepção que emerge em nossas pesquisas é que a evolução para a Empresa 2.0 esbarra no medo da mudança e nas arquiteturas, hierarquias e processos estabelecidos. Para as empresas os obstáculos não são mais tecnológicos, mas sim associados à cultura, transparência e aversão ao risco dos principais executivos e ao custo da mudança em si.

Questões relacionadas à segurança e dificuldade em se estimar ROI dessas iniciativas também têm sido apontadas. Os obstáculos são tão importantes que alguns dos principais benefícios oriundos das tecnologias 2.0 não estão sendo apropriados pelas empresas brasileiras, tais como: redução de custos associados a interações com stakeholders, substituição de canais, geração de informação e conhecimento específico, gestão mais eficiente de projetos, dentre outros.

Naturalmente, tais conclusões são apenas propositivas e não pretendem ser definitivas. Dessa maneira, convidamos todos nossos leitores a juntar-se a nossa discussão e contribuir com suas opiniões.

Fonte: www.administradores.com.br

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